Saulo

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Refúgio

Me refugio nas lembranças do passado
 Lembranças do que foi bom.
Me arrependo das palavras que não foram ditas
Dos carinhos que não foram expressados
O momento agora é tarde...
Não muito tarde...
Cada dia é um recomeço.

Udnéia Ribeiro

sábado, 12 de novembro de 2011

Amor!

Conta minha lenda que certo homem, que morava em uma aldeia, em certo lugar muito longe e que  tinha muita dificuldade em encontrar água.
O homem resolveu que iria criar ali um lago. Não um simples lago. E sim um lago cristalino, de água pura como nunca se viu.
E todos os dias ele depositava em uma baixa afastada da cidade um pouco de suas lágrimas. Não eram lágrimas simples. Eram lágrimas de esperança. Esperança de que seu desejo seria concretizado.
E assim ele fez por vários anos.
Quando chegando a sua velhice, ele já podia olhar de cima da baixa e ver aquele desejo tão sofrido torna-se real.
E assim são nossos sonhos. São desejos que se realmente persistirmos tornaremos ele real. Mesmo que não importe o tempo de espera a recompensa será mais valiosa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Apimentadas















Leve, pesado
                 Amargo, adocicado
Azedo, doce
                Claro, escuro
Quente, frio
               Rápido, devagar
Seco, molhado, suado
               Fresco, abafado
Dengoso, rude
               Louco, lúcido
Angelical, indiabrado
               Carne, osso
Homem, mulher...

Udnéia Ribeiro

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Tempo



Tempo que não passa
Tempo que machuca
Tempo que não esqueço
Tempo que não volta
Tempo que quero esquecer
Tempo frio (agora)
Tempo de felicidade (passado)
Tempo sem sentimento
Tempo, tempo, tempo
Livra-me de tantos pensamentos.


Udy Ribeiro

Desabafo
















Não sei
Tento entender
sem êxito...
Qual motivo?
Melhor não pensar demais
ou corro o risco de incluir os inocentes
Quem sabe um dia entenderei!?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dúvidas



A palavra vem a boca...
Mas quando falar o que quero?
Será que realmente tenho que medir o que
tenho vontande de dizer?
Medo de ser interpretada de forma diferente
Medo de transparecer frágil.
Medo do que posso ouvir
Daquilo que não quero ouvir
De que façam do meu momento frágil
seu instante de vitória
Silenciar no momento é necessário.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Poesia

Procura da Poesia


Carlos Drummond de Andrade

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Conquistas


É inevitável
sentir esse momento e não querer desfrutá-lo.
Quem olha de fora pode até pensar que estamos fora do juizo normal.
Porém só quem senti  sabe o motivo pelo qual sorrir sem necessidade
de insentivos
sabe de onde vem e o porque desse comportamento indiferente aos olhos
dos curiosos.